Um cenário positivo para o presente e o futuro da humanidade
Nos filmes do cinema e em séries nos canais de streaming, a maioria das representações do futuro da humanidade é negativa e catastrófica: mundos distópicos (como em Planeta dos Macacos ou Matrix), apocalipses zumbis, catástrofes radioativas e colapsos ambientais. São narrativas dominadas pelo medo, pela escassez e destruição.
Mas é claro que existem outros futuros possíveis e, principalmente, mais desejáveis. Futuros em que nos organizamos melhor, desenvolvemos fontes inesgotáveis de energia a baixíssimo custo econômico e ambiental, utilizamos automação e robôs colaborativos para acabar com a escassez, e avançamos na exploração do cosmos em harmonia conosco e com nosso planeta.
Qual desses futuros você acha que é mais provável? Eu responderia: talvez aquele que nós escolhermos e trabalharmos para construir!
Para um futuro mais interessante eu chamo atenção a características únicas e poderosas do Brasil: nossa inteligência social, nossa criatividade e a nossa tão conhecida diversidade para um cenário de abundância, cooperação e bem-estar. A vocação do país não está em desenvolver e produzir eletrônicos, por exemplo — há outros países que já fazem isso com excelência — mas sim em algo maior, mais humano e transformador.
O que são Redes de Inteligência Coletiva (RICas)?
Proponho as Redes de Inteligência Coletiva (RICas) como uma estratégia prática e poderosa para realizar esse futuro mais positivo. Inicialmente, elas podem ser implantadas na educação pública básica, altamente capilarizada e, mais adiante, na educação superior e em outros setores da sociedade.
Uma RICa é um grupo de pessoas que constrói um espaço seguro, confiável e cooperativo, no qual cada indivíduo é incentivado a aprender, se expressar e contribuir com suas maiores forças e talentos.
Uma RICa desenvolve uma “persona coletiva”, um senso de grupo vivo e inteligente, capaz de resolver desafios complexos de forma mais eficiente do que indivíduos agindo isoladamente. Um bom exemplo é uma sala de aula onde estudantes e professores colaboram para criar um ambiente acolhedor, motivador e estimulante — no presente e com efeitos no futuro.
O que não é uma RICa?
Uma RICa não se forma a partir de ações individuais isoladas, mesmo que meritórias. Pequenas atitudes — como ceder o lugar no transporte público, separar o lixo ou recolher o cocô do cachorro — demonstram cidadania, mas não caracterizam uma RICa. A essência de uma RICa está na interdependência estruturada: é um grupo que deliberadamente colabora para crescer junto.
A sabedoria de Nash aplicada às RICas
Inspirando-se na Teoria dos Jogos, como demonstrado por John Nash (quem se lembra do filme Uma Mente Brilhante?), podemos entender que os melhores resultados para o grupo — e para os indivíduos — ocorrem quando cada pessoa age de forma que beneficie a si mesma e simultaneamente ao coletivo. Esse equilíbrio entre individualidade e cooperação é a base da inteligência coletiva.
Benefícios sociais e emocionais das RICas
As RICas não são apenas eficazes em termos de resultados educacionais ou produtivos. Elas também oferecem apoio emocional, sentido de pertencimento e conexão social, reduzindo problemas como estresse, solidão, desmotivação e transtornos mentais. Podem ser um antídoto concreto contra a desesperança e o desengajamento que afetam tantas comunidades – em particular os adolescentes em idade escolar.
Além da RICa Turma formada por estudantes e professores, é possível construir outras redes paralelas, como entre mães e pais de uma turma, criando ecossistemas de apoio mútuo e aprendizagem contínua.
RICas aumentam a inteligência do grupo
Um fenômeno fascinante das RICas é que o “QI coletivo” do grupo pode ser muito maior do que a média dos QIs individuais. Como isso é possível? Porque cada integrante pode ter áreas de competência distintas. Uma pessoa com inteligência média (QI 120) pode ter um “QI funcional” de 140 em uma determinada habilidade — e se puder contribuir com aquilo em que é excelente, o grupo se beneficia amplamente. A diversidade se torna vantagem.